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Ultimamente muitas coisas tornaram-se tão repetitivas que eu tenho me perguntado o quanto de fato nossa imaginação é responsável por tudo que existe.
O vermelho e o verde, a mulher, algumas musicas, o sonho, aquele lance das estações do ano e também aquele outro dos elementos, entre tantas outras coisas que só lembro quando repetem pela enésima vez. No fim o que me apavora mesmo é a interligação das repetições, difíceis até de transcrever.
Para falar a bem verdade (caralho) tenho tido preguiça dos pensamentos. Uma irritação na pele começa e me questionar do quanto insignificante é tentar colocar esses maremotos em palavras, palavras ao léu. A irritação cutânea aumenta, me fazendo lembrar vagamente do Marat. Acabo agregando umas dores estranhas bem ao centro da testa e da coluna. Eventualmente talvez também possa ter algum sentido o habitual sono, mas por ser habitual melhor ignorá-lo. E a real é que vamos ignorar tudo aplicando uma injeção de qualquer coisa em qualquer lugar. A escolha é adquirir algum vício que seja bom o suficiente para uma punição sem sentido, e por mais que insistam em classificar como “vicio maligno” e “vicio benigno” acho bem deprimente as formas como buscamos essas punições.
Nada faz muito sentido. A irritação é agonizante. Eu poderia gritar, eu poderia profanar, eu poderia insistir e escrever (se já não estou fazendo isso), mas, sem jamais usar da coerência, eu me calo.