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Não é novidade alguma mulheres ocupando cargos antes restritos aos homens. E começando assim, embora sem novidade, eu poderia fazer um abrangente sobre universo femininoXmasculino e todo esse blá blá blá que não teria fim tão cedo, mas isso cansa de certa forma. É como se tivéssemos que defender a todo instante a diferença que tanto queremos eliminar, esbarrando naquela historinha das “cotas” e para ser mais precisa, no filme “Até o limite da honra”. Eu só gostaria, simples e rapidamente, de expressar o meu sorriso desta manhã ao pegar um ônibus com uma condutora mulher, sem incorrer nas muitas camadas do que isso pode significar.
Condutoras de transportes públicos são comuns e eu utilizar ônibus dirigidos por elas também, porém o que sempre percebo, com tristeza, é essas mulheres tentando uma igualdade desfigurada. Elas tornam-se figuras endurecidas, grosseiras, lutando por se tornarem semelhantes aos homens por meios que envolvem muita mais a questão humana do que a questão homem/mulher, e no entanto elas só deveriam se preocupar em fazer bem o seu trabalho.
Então, essa manhã eu tomei um ônibus. A principio não vi quem conduzia, pois eu estava no último degrau da porta de uma condução super-lotada. Uma passageira me perguntou se poderia fechar a porta e seguimos. Não vou transcrever aqui detalhes de percurso e comparações com outras conduções que pego durante a semana, nem detalhes fundamentais de preocupação e atenção com os passageiros, coisas que nada tem a ver com o sexo da pessoa que conduz. O que quero deixar dito é que quando visualizei a motorista em questão tive um momento de espanto. Ela era diferente de todas as outras condutoras que já vi. Dava para perceber que era uma mulher contente com sua posição de mulher, que não estava interessada em se igualar ao sexo oposto só por estar numa profissão antes não feminina.
Ela dirigia bem, e se para fazer seu trabalho bem tivesse que se impor de uma forma mais firme, de uma maneira mais ousada, ela fazia, mas em momento algum desfigurando a mulher que é. Isso, para mim, é tudo que importa nessa alucinada sociedade: não desfigurar quem se é.
4 comentários
Este comentário foi removido pelo autor.
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Ótimo Texto! Muito mesmo…
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