Ensaio I

por Alexandra Deitos
                    Para quem mora nos extremos, nas ditas periferias, conhecer e perambular pela cidade é quase uma obrigação, somos movidos pela necessidade. Em geral trabalha-se num lugar, estuda-se em outro e nos momentos de lazer ainda, muitas vezes, outros tantos lugares visitamos. A falta de infraestrutura nos faz caminhar, a inquietude não nos deixa parar.
                   Engraçado como algumas esquinas, por mais distantes que estejam, não se diferenciam, algumas avenidas, por mais longas que sejam e nunca se encontrem, são tão parecidas. E às vezes em uma única quadra milhões de discrepâncias deparam-se.
                     Há aqueles que andam pelas ruas guiados por seus nomes; veem nas multidões de transeuntes, obstáculos; nas semelhanças das avenidas sua perdição; no andar, seu tempo perdido. Mas também há aqueles que andam pelas ruas e não sabem bem seus nomes; veem pessoas pelas calçadas das quais sabem muito mais, conhecem por olhares; e no andar se aprofundam na expansão de um caminhar mais amplo.
                     Talvez andar pelos lugares não seja tão apreciado por muitos, assim como também não só o fato de morar em extremos faça do andar esse algo amplo, mas seria uma boa coisa para se tentar. Sentir falta dos lugares que ainda não se conhece como se eles fossem parte de algo que ainda não é seu, mas que é uma terra prometida.

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