Palanque

por Alexandra Deitos
O táxi aéreo sobrevoa a demolição – da matéria, das pessoas, da Cidade. Os carros importados passam no beco da rua “sem saída”, compram doses de felicidade clandestina, avançam a milhão por sobre os escombros. Uma praça inexistente queima nas mãos de gentes de fogo, envoltos na negritude esfumaçada – cobre, ouro, prata.
Boas máquinas entuchadas de cérebro pensam e falam pelos necessitados entre cervejas e cerejas. Falam de mendigos, mas não com eles. Falam de situações das ruas, mas não nas ruas. Falam de amor ao próximo fugindo do próximo.
Nas grades do trem cargueiro perdem-se infâncias apagadas, depenadas nas penas alheias in superfície. Na passarela distribuem sopas da moda, mas negam o sal pois faz mal a saúde. Na casa que não tinha teto qualquer um podia viver.

Deixe um comentário

Você pode gostar