A moça desceu as escadas. Um cigarro na mão esquerda e o olhar vago de uma mente em fuga. No pico do dia ainda fazia frio. Sentou-se no meio fio. Pessoas passavam em passadas ao mesmo destino: Restaurante Qualquer Coisa, o único que servia mais ou menos comida. “Talvez abrir um restaurante aqui daria uma boa renda”, fragmentos de rajada no olhar vago, entre tantos e tantos outros conectados em desconexões. Janelas do Windows abertas paralelamente sem finalidade, mas desfalcando consideravelmente o desempenho do sistema. A mente trabalha sem cessar. Aos alheios parecia que pensava coisas importantes. Ela possuía a certeza do não. Imitava a máquina. O dia inteiro com as dezenas de janelas abertas, no fim apaga-se fatigada de desimportâncias. Ninguém desconfia. O mundo acredita piamente na produtividade da imagem. No meio fio terminou seu cigarro. “Todas essas bitucas poderiam servir para alguma coisa…” Guarda a bituca no bolso, mas na esquina seguinte lança-a na sarjeta. Continuou como sempre. Segue o dia e segue o sono. Na volta para casa tenta resistir mais um pouco, por fim entrega-se ao cochilo em pé ao invés do livro que carrega na bolsa. “Depois do banho, talvez!” Não dormiu. Nem leu o livro.
as imagens presentes em ENSAIO AO ENGENHO, entre 2007 e 2014, são em partes de minha autoria e outras retiradas do google imagens durante o período citado. portanto, pode ocorrer que alguma imagem não esteja devidamente creditada. Assim, se você viu alguma imagem de sua autoria, ou sabe de quem seja, por favor, deixe um comentário ou entre em contato para que eu possa dar os devidos créditos ou então substituir a imagem, se assim for necessário.