53
Agora eu nada sei e eternamente é bem provável que eu nada saiba, mas, no fim, não saber não te impede de ter certeza… é o que parece.
Em algum momento eu visualizarei racionalmente a grandiosidade e a importância do momento. No agora fica a nuvem do turvo fundo do mar mexido. E a sensação. O importante foi o sentir. O importante sempre é sentir.
Na descida da escada uma presença me acompanhava, solene, solícita, amável, quando me dei conta já era tarde para sentir medo… me soprou que o mundo era sempre melhor do que se enxergava, que as colinas iam muito além do que se podia ver. Senti-me invisível como se uma proteção angelical fosse me levar até em casa, livre para chorar, para abrir todos os portais de um eu que se desdobrava em ser o que é – uma descoberta.
Como um bem querer, como um mimo… eu seguia só, acompanhada de uma brisa.
Meu rosto no reflexo parecia um retrato conhecido, próximo e ainda assim fora de mim. O que estava fora e o que estava dentro poderia eternamente ser e não ser a mesma coisa, mas sempre seria um desdobramento confiável. A questão não era chegar na resposta. A questão era aceitar a questão como ela era, um perder-se rumo ao encontrar-se.
Por ter aquele carinho, assim… tão sincero e franco, eu dava um passo importante na escuridão de mim, para a alma, muito embora eu perca-me em saber exatamente onde, quando e porquê.
1 comentário
Muito bonito!