Alma Alada

por Alexandra Deitos
Eu tenho urgências. É como se a minha vida inteira sempre estivesse diante dos meus olhos. É como a sensação de estar bêbada. Urgências que clareiam e enegrecem sem lógicas simétricas. É meio que um sei lá. Aquele misto salada mista para paladares cansados. Você sabe tudo, você sempre está ali, vê tudo. Você é você, com o controle na mão, mas sem controle de nada. A ilusão mais real. E você não tem raciocínio, está na margem ao mesmo tempo em que está no centro de tudo. E o rir se torna loucura inconsequente da certeza que esse é o principio e o fim: o desgoverno, a sensibilidade. A água que vai. O pote que se quebra. O líquido que permanece. Eterno, mutável, impermanente.

(acrescentando aqui, ao final deste dia, mais um pedaço que poderia entrar na alma alada… como veio sem avisar, do nada para o nada… fica aqui meio que deslocado, mesmo assim sem desistência) (17h54min)

Um elogio por vezes traz cor a fotografia mais opaca, ou mesmo um preto e branco mais poético. Sentir por vezes pode te levar das cores mais coloridas as escalas de cinzas mais inimagináveis. Sentir é histeria, é loucura, é a boca no gelo, é o peito no parapeito. Sentir e trancafiar na forma é a morte mais dolorosa e lenta, mais triste e tosca. Engolir o sentimento, como criança egoísta devorando bolo de chocolate, pode ser a perca da fotografia mais bela, dá mão mais vazia, da mais completa, do amor mais gratuito, mais vendido. Desperdício é sentir só para si. Eu desperdiço. Eu morro engasgada no chocolate mais doce. Sublimemente amando sem saber o quê.

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