Alexandra Deitos
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Autor

Alexandra Deitos

Alexandra Deitos

Nasci numa cidade interiorana do Rio Grande do Sul, onde vivi os primeiros anos da minha vida até terminar o ensino médio. Então, ainda menor de idade, saí de casa e vim parar na cidade de São Paulo, onde estou até hoje. Na área das Artes e Design me formei Bacharel em Têxtil e Moda pela Universidade de São Paulo | USP e Atriz pelo Teatro Escola Macunaíma, entre outras pequenas formações aqui e ali. Atuei na cena cultural através de projetos de light design e traje de cena por mais de uma década, quando inesperadamente me encontrei no caminho com o mundo canino. Estudei Comportamento Animal e o uso de metodologias educativas com enfoque Positivo e de Bem-estar Interespécies com Dante Camacho, Tudo de Cão, Universidade de Edimburgo, entre outros. Fundei a Pompom's House. Um espaço de hospedagem, convivência e socialização canina, onde, no momento, exploro minha experiência em Educação e Comunicação Canina, Manejo de Grupo e Diretrizes para Sociabilização. Você pode me conhecer de um desses períodos da minha vida. Ou, ter acabado de saber da minha existência nesse mundão. Não importa. Fico feliz que estejas aqui, e espero que algo do que eu compartilho seja troca e partilha contigo.

Interferências

Clar, o radical de Clarice

por Alexandra Deitos maio 14, 2010
Com tantas influências Clarinescas (são Clarices me perseguindo por todas as partes) seria impossível não me render e postar algo relacionado, seria quase um crime. Porém, também fiquei pensando que talvez seria pretensão demais tentar com minhas vãs palavras falar de textos e sensações tão maravilhosa quanto os que vem dela, tão Claramente, ficaria sempre distante de qualquer ponto que eu quisesse chegar. Então, nada mais justo e simples (simples até certo ponto) que postar algo completamente Clariciano…
Por não estarem distraídos
Clarice Lispector
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria e peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! E tudo se transformou em sim. Tudo se transformou em sim quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Sem a grande dança dos erros. Sem o cerimonial das palavras desacertadas. Ele a procurava e a via , ela via que ele vira, ela que estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Nada erraria, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais andavam, menos com aspereza queriam, e sorriam. Tudo só porque não tinham prestado atenção, só porque estavam bastante distraídos. Só porque , de súbito não eram exigentes, nem duros, e não quiseram ter o que já tinham. Nem quiseram dar um nome; porque não precisavam ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por estarem distraídos.
Obs.: Curiosamente me deparei com esse texto dela numa montagem interessantíssima sobre Medeia, Curra – Temperos sobre Medéia, onde mais uma vez o universo me mostrou o tamanho assombroso de sua sintonia.
maio 14, 2010 0 comentário 57 Visualizações
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Lirismos

Focos breves de uma vida

por Alexandra Deitos maio 13, 2010
Do incontrolável capítulo anterior e superior a tudo
Encontrei o aroma dela numa perfumaria e desde então tenho passado lá todos os dias na tentativa furtiva de me impregnar. Tentei desviar o caminho, brigar com as atendentes, enjoar do cheiro… tudo na incompetente ilusão de sair desse vício – te despossuir de mim. Não adianta, qualquer dia desses, num ímpeto de loucura maior ainda, levo um frasco para casa e me embebedo. Deve ser belo morrer, corroída de seu doce cheiro, me afogando completamente nela.
Prólogo
Agora que o mundo é uma aquarela eu não sei mais qual a minha cor predileta… Balelas, pois a gente redescobre qualquer coisa nesses fusos emblemáticos, e fora deles a realidade continuará a ser o que é, dentro deles também. Não há como escapar do sangue que escorre da hora do agora. Como água para chá o líquido vazou transbordante da xícara, foi absorvido pelo tapete e algum tempo depois atraiu formigas.
Capítulo 1
O nome dela era forte. A presença cativou. Quando me cantou o seu nome apagou brevemente o nome que até então me era tão caro. Ela cantou também quando eu passei – pareceu lisonjeira, e eu que sou tão acostumada a conquistar me encantei com a sutileza do contrário.
(…)
Capítulo 7
Charmoso como até então eu não conhecia, ele lembrou meu nome entre tantos, tentou um contato, me sorriu em especial, quando foi no outro dia me telefonou sem nem ter me pedido um número – pareceu lisonjeiro, e eu que sou tão acostumada a conquistar me encantei com a sutileza do contrário.
(…)
Epílogo
Dei a mim própria um direito: o de não saber o que quero. Pela primeira vez não resolvi estabelecer um foco de imediato, consegui permitir-me. Quanto tempo conseguirei vencer minha natureza nata para o raciocínio e a para a resolução, não sei… Sei que a água insistente tem me movido muito nos últimos tempos, e que de tanto sentir me perdi na hipnose de sentir. Estou rendida e entregue nas correntes das águas.
Não tem fim.
maio 13, 2010 2 comentários 71 Visualizações
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De açúcar e de álcool

Pode tudo ser uma coisa só, como pode também não ser

por Alexandra Deitos maio 10, 2010
pare de dizer que não repara,
minha alma reflete a calma
de um pássaro na prisão.
como algo que disfarça,
eu sigo achando graça da falta.
se um animal é mal
é mais bom que nós,
e se o mundo é injusto 
é mais justo que nós.
feito um sonho bom,
transforma em mais próximo
o pesadelo humano.
então, pare!
não finja que não repara,
que não somos nada,
que nunca seremos,
nunca mais do que já prevemos,
pássaros na prisão,
animais que não se aceitam,
espelhos que se enganam.
e as bocas continuam a falar da alma.
e os olhos a transbordar da alma.
e as mãos continuam vazias.
e corpo todo fingindo gesticulações,
como um algo que disfarça,
eu sigo achando graça.

Se a minha cabeça saísse do corpo agora
Eu não acharia graça nenhuma
E se de dentro do meu corpo agora
Borboletas cinzas batessem asas 
Para ainda mais dentro de mim
Eu também não acharia graça nenhuma
Não me deixe só com minha solitude
Por mais digna que ela seja
A minha boca está seca de admiração
Entreaberta está secando mais e mais
Até onde o fruto cadáver não saciará mais

“Fito-me frente a frente
E conheço quem sou.
Estou louco, é evidente,
Mas que louco é que estou?
É por ser mais poeta
Que gente que sou louco?
Ou é por ter completa
A noção de ser pouco?
Não sei, mas sinto morto
O ser vivo que tenho.
Nasci como um aborto,
Salvo a hora e o tamanho”
Fernando Pessoa

As referências de uma vida nos fazem sermos mais de nós mesmos?

Ou nos fazem sermos multidões brigando por poderio?
O que vem depois de nós?

Quando nos encontramos de fato, o que acontece?

Existe mesmo esse depois?
Quem canta a canção do agora, do outrora e do amanhã?

Será que é tudo um ideal muito distante?

Ou uma realidade um tanto subversiva?
Onde reside a certeza ou a falta dela?
Se os batimentos nos trazem alguma certeza, é também certeza que o desfalecimento da imagem numa noite de sonho nos dá o vazio debaixo dos pés sem asas. A luz e a escuridão são dependentes um do outro, e talvez sejam um só (a luz e a sua inexistência). E nós humanos, somos dependentes do que? Qual nosso oposto complementar?
Pode tudo ser um pensamento só. Pode ser quatro pensamentos distintos. Pode ser nada. Pode ser tudo. Também há o “se”. Se isso ou se aquilo resulta nisso ou naquilo. E se… E se… E se…
maio 10, 2010 4 comentários 73 Visualizações
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Crônicas-quase

Entre muitas coisas

por Alexandra Deitos maio 7, 2010
Muitos acontecimentos num dia, numa semana, num mês, num ano, numa vida. Somos frágeis e o tempo é muito breve, sempre muito breve. As coisas não param de acontecer. O mundo não pára, Cazuza disse milhões de vezes, ou disse uma só vez mas ficou ecoando no mundo que não parou. E o Raulzito apenas sonhou com o dia em que a Terra parou, embalando muitas e muitas noites e dias que recomeçam sem findar, e aquele tal filme de mesmo nome eu nem cheguei a assistir… Inerente, tudo continua aí, acontecendo afobadamente, enquanto a gente fica andando por cordas precipiciais apertando ou diminuindo o passo com a vida, com o mundo, com o tempo, com os acontecimentos – tudo assim ao mesmo tempo. Por vezes tenho a impressão egocêntrica que só a mim que a vida insiste em atropelar, com rolo compressor e tudo, e como num desenho animado eu tenho que pegar um fole e me recompor rapidinho porque o Papa-Léguas não pára.
Agora o que isso tudo tem a ver com o Eugênio Barba e Júlia Varley, não pergunte ao meu racional porque ele deu uma saída e foi procurar o analista (aquele que está passeando na Europa). Sei que “o texto é um tapete que deve voar longe” e a voz de fumaça subindo me levou voando não sei nem para onde. Havia uma imagem linda de uma água subindo, subindo, subindo até o pescoço – não era tão linda assim na descrição, mas me remeteu a sensação da água que me levou embora naquele “exercício xamânico”… e sei lá… misturou tudo, assim como numa batedeira a todo vapor, processando a mulher-batedeira, a Clarice, o Caio, a Hilda, a Nora Boneca, o Dr. Rank, o Lanterna Verde, e tive a certeza que a Alexandra não existe, ou se existe é tão partícula da partícula que pode ser tudo e tudo pode se nada. Sempre nada e tudo, tudo e nada.
A perda da identidade individual pode ser um ganho no processo de identidade coletiva e vice e versa, li isso em algum lugar que nem lembro, mas era algo a ver com o todos somos um… Dizem que a poluição informacional também existe, e a sensação é que viver na ignorância pode ser um meio de vida muita mais saudável e feliz. “Somos como bois marcados pela nossa cultura” e estamos cheios, agora como esvaziar ao ponto de abri-se para as novas percepções? Não há tempo para parar e armar uma estratégia (ou talvez até dê, mas sempre no estilo Coiote de ir a luta), não dá para chegar na papelaria da esquina e pedir a substituição do cérebro por um em branco, não dá ignorar a vida até ela ficar de bem com você, não dá para fazer um porrada de coisas, muito embora a gente viva se auto-enganando que dê. A sensação maior que tenho é que uma hora ou a alma não vai mais caber no corpo, ou se ela estiver pequena demais o corpo não irá querê-la.

as imagens presentes em ENSAIO AO ENGENHO, entre 2007 e 2014, são em partes de minha autoria e outras retiradas do google imagens durante o período citado. portanto, pode ocorrer que alguma imagem não esteja devidamente creditada. Assim, se você viu alguma imagem de sua autoria, ou sabe de quem seja, por favor, deixe um comentário ou entre em contato para que eu possa dar os devidos créditos ou então substituir a imagem, se assim for necessário.
maio 7, 2010 2 comentários 65 Visualizações
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De açúcar e de álcool

Radicalmente estático

por Alexandra Deitos maio 3, 2010
O céu ao infinito, o chão perdendo a nitidez, o vento arremessando o peito ao nada eletrizante… a montanha-russa do meu coração quando te vê é idêntica a montanha-russa de um parque de diversões. Eu fecho os olhos para prolongar a sensação ou para fugir do afogamento extasiante – dá na mesma sempre, eu fico sem chão e vou até as nuvens, sinto o nó na garganta enquanto o mundo ao meu redor grita euforismos. As luzes dão seu show e eu vejo rostos alegres, o seu é sempre o mais lindo, e também é sempre seu o perfume a se destacar e florescer no meio de tantos outros cheiros. Nem lá no alto, de ponta cabeça, girando a mil por hora você me saiu do pensamento – clichê assim mesmo, eu juro que tentei. Tentei, tentei radicalmente controlar a vida, tentei das formas mais convencionais, mais absurdas, mais alcoólicas, mais religiosas, mais eremitas e agora mais eletrizantes… mas… acho… que se não te amo, no mínimo dos mínimos eu tenho a paixão maior do mundo, se alimentando de luz e perfume, ou talvez você seja isso mesmo, um sonho bom, tão bom que me acompanha num eterno quase amor, etéreo e só meu. É quase um crime ser…radicalmente estático.
maio 3, 2010 1 comentário 60 Visualizações
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Inclassificavéis

Notas

por Alexandra Deitos abril 26, 2010
Assim, não mais que num instante verdadeiro, ele estilhaçou o vidro com o punho, quando os cacos terminaram de gritar no chão fez-se o silêncio mais longo já existido. Com a mesma veracidade do instante anterior, em outro lugar, uma mulher rastejou sobre o concreto mais áspero, sob o sol mais forte bebia sal do suor misturado com lágrimas vermelhas. E ainda nesse instante de verdade, em mais algum outro lugar, um alguém sentiu suas vísceras desaparecerem e sobrar apenas o vazio do corpo oco, encolhido na placidez coberta e reverberada.
Na ausência do silêncio absoluto, ecoava a melodia do universo: morreu! eu! eu!
Cada ser humano morre muitas vezes em vida, questões de perder a conta, e só um tolo não se apercebe das mortes que vive. Há os que morrem e renascem. Há os que morrem e são esquecidos. Há os que morrem e são santificados. Há os que morrem e simplesmente não sabem. E há mortes com um pouco de tudo isso também, e além.

Das cicatrizes nos dedos, um triângulo. Dos joelhos marcados, um quadrado. De alguma doença estomacal ou cutânea, o circular. – Esquizofrenia! Enquanto uma caneta força um risco, esbarra e cai junto do corpo que se entrega, em outro canto do mundo um coração é pintado com caneta hidrocor, recortado com tesoura escolar e posto a pulsar no ventilador. A folha da árvore é levada pelo vendaval, vazia segue a folha seu desígnio, e a alma seca também segue. Se a inutilidade tem algo a ver com alguma coisa, eu não sei. Se algo tem algo a ver com alguma coisa, sei muito menos. Uma luz sempre bilha como companhia sincera. 
O medo é de endurecer. O mudo é de ensurdecer.

Que medo é esse que te impele?
Que moral é essa que te usurpa?
Que vazio é esse que te cerca de pessoas?
Por que você não consegue tragar a vida sem escrevê-la?
Por que todo silêncio tem uma música?
Por que todo o porquê tem um barulho de água?
E qual a razão no correto que te rouba de ti?
E qual o amor do amor que não cabe na razão?
Qual o sentido da mágoa por uma lei humana e traidora?
Entra dia e sai ano. Entra hora e sai semana.
Sempre a mesma roda da teoria.
Sempre a mesma, estagnada pelo próprio dono dos passos.
Sempre o impasse entre a ilusão dourada do certo e errado.
Sempre a tolice do buscar respostas.
Sempre alternativas ao invés de dissertativas.
Sempre o dono na energia ida na falta do centro.
Sempre a luta pelo nada.
Sempre o homem animal.

Não há nada a ser dito, mas a urgência é parar de ouvir e dizer algo, nem que seja nada. Ouvir é doloroso,  é a sensação da inércia, passividade… e no entanto as ondas movimentam ferozmente os de boca fechada.

E talvez para finalizar alguma coisa (a coisa que não tem nome, crescida no carpete verde da grama falsa, tida como filho no coração mais “amaterno”) Isabel Allende seja usada, quando se lê: 
 “Nossa memória é frágil, uma vida é um tempo muito breve. Tudo acontece tão rápido que não dá tempo de entender a relação entre os acontecimentos. (…) Mas agora, eu já não tenho tanta certeza do meu ódio. Comecei a entender a relação entre os fatos.”
abril 26, 2010 2 comentários 70 Visualizações
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Anomalias

Alma Alada

por Alexandra Deitos abril 22, 2010
Eu tenho urgências. É como se a minha vida inteira sempre estivesse diante dos meus olhos. É como a sensação de estar bêbada. Urgências que clareiam e enegrecem sem lógicas simétricas. É meio que um sei lá. Aquele misto salada mista para paladares cansados. Você sabe tudo, você sempre está ali, vê tudo. Você é você, com o controle na mão, mas sem controle de nada. A ilusão mais real. E você não tem raciocínio, está na margem ao mesmo tempo em que está no centro de tudo. E o rir se torna loucura inconsequente da certeza que esse é o principio e o fim: o desgoverno, a sensibilidade. A água que vai. O pote que se quebra. O líquido que permanece. Eterno, mutável, impermanente.

(acrescentando aqui, ao final deste dia, mais um pedaço que poderia entrar na alma alada… como veio sem avisar, do nada para o nada… fica aqui meio que deslocado, mesmo assim sem desistência) (17h54min)

Um elogio por vezes traz cor a fotografia mais opaca, ou mesmo um preto e branco mais poético. Sentir por vezes pode te levar das cores mais coloridas as escalas de cinzas mais inimagináveis. Sentir é histeria, é loucura, é a boca no gelo, é o peito no parapeito. Sentir e trancafiar na forma é a morte mais dolorosa e lenta, mais triste e tosca. Engolir o sentimento, como criança egoísta devorando bolo de chocolate, pode ser a perca da fotografia mais bela, dá mão mais vazia, da mais completa, do amor mais gratuito, mais vendido. Desperdício é sentir só para si. Eu desperdiço. Eu morro engasgada no chocolate mais doce. Sublimemente amando sem saber o quê.
abril 22, 2010 0 comentário 49 Visualizações
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Crônicas-quase

Persona

por Alexandra Deitos abril 20, 2010
Em preto e branco, com todo o toque de uma boa ausência de cores. Persona, de Ingmar Bergman, nos atinge em cheio no âmago, despedaça a ideia de ilusão e joga a realidade na escala de cinza mais real, na frieza, na incomunicabilidade – um isolamento do colorido do mundo. O mundo não é real. Real é algo muito, muito além. “O irrealizável sonho de existir, não o de parecer, mas o de ser.” Assim ele permeia a linha tortuosa e quase invisível que tanto insistimos em ignorar e a qual se nos ativermos de fato, ou estaremos, ou seremos tidos como, esquizofrênicos.
De acordo com o método teatral desenvolvido por Stanilslavsky, o ator tem de ser o parasita da personagem para o seu êxito futuro e verossimilhança. E nós? O quanto nós precisamos ser parasita de nós mesmos para conseguir êxito em ser? Eu não sei qual a relação, mas o filme e tudo isso me remete muito aqueles mapas e fotos com opções de zoom quase infinitos, tanto para mais quanto para menos… estes que sempre me causam uma certa angustia, um certo vazio, um certo sei lá…. talvez medo.
Deixo duas imagens. Porque imagens preenchem quando não se sabe mais o que tirar e o que colocar no vazio de uma alma. A foto que segue nesse link é um exemplo das possibilidades de muito zoom (tem exemplos melhores, mas esse era o que estava mais recente e mais fácil). E a foto abaixo é o momento de fusão das duas “personas” no filme.
 

as imagens presentes em ENSAIO AO ENGENHO, entre 2007 e 2014, são em partes de minha autoria e outras retiradas do google imagens durante o período citado. portanto, pode ocorrer que alguma imagem não esteja devidamente creditada. Assim, se você viu alguma imagem de sua autoria, ou sabe de quem seja, por favor, deixe um comentário ou entre em contato para que eu possa dar os devidos créditos ou então substituir a imagem, se assim for necessário.
abril 20, 2010 0 comentário 53 Visualizações
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Lirismos

De uma sexta-feira

por Alexandra Deitos abril 19, 2010
Da carranca surge um flash de momento de filme feliz ao ver as folhas das árvores levadas embora pelo vento. Enquanto um beija-flor perdido na estação não encontra seu beijo, uma boca fria tardia no asfalto quente se expõe. Assim é fim de tarde de uma sexta-feira difusa. No céu há sempre uma lua ou uma estrela ou uma nuvem, nunca um vazio completo na imensidão. Tem pipa, tem balão, tem andorinha, tem sol, tem avião também, tem tempo que leva e tem tempo que trás, tem tudo que você quiser e o que não quiser também. É preciso jogo de cintura para sambar ao ritmo de uma 5ª Sinfonia. E se foge da realidade viver além de uma existência, tudo é mais belo ainda, como numa canção de ninar, com fadas vestidas de loucura e olhos com cores de Almodóvar.
abril 19, 2010 2 comentários 59 Visualizações
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Rítmicos desenhos

Para colocar ritmo

por Alexandra Deitos abril 14, 2010

algo
pulsa
anseia
grita
compassa

pelo nada

ritmo
desordenado
grito de espera
movimento
constante

passo
vomitado
não desligo
não descanso
vomito
passado

liberdade não era a chegada
será? um passo atrás?
com toda agitação possível
segue a calmaria do grito

algo
pulsa
anseia
grita
compassa

pelo nada

ritmo
desordenado
grito de espera
movimento
constante

passo
vomitado
não desligo
não descanso
vomito
passado

abril 14, 2010 2 comentários 74 Visualizações
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