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Em um outro dia, certo tempo atrás, comprei em uma loja de coisinhas um enfeite… Lindo!
Um rosto trabalhado em algum material tipo o gesso, talvez até mais delicado. De sorriso leve, coloridos fascinantes e uma bela fita vermelha servindo para fixá-lo em lugares. Para mim tornou-se de um valor imenso!
Então… neste final de semana, ele foi-se ao chão. Sem muita explicação, sem muito sentido. (o talvez eterno inevitável) A máscara caída, quebrada, partida em vários pedacinhos.
Sem explicação?! O sentimento de uma certa decepção, de uma certa dor! Um rosto paralisado diante do choque, sem reação diante da queda ao chão do objeto portador de tão sublime afeição e estima.
A cola super bonder entrou em ação (mas antigamente ela secava com maior rapidez) e remendou. Colei os pedaços com o máximo de cuidado, uma tentativa de ficar tão belo quanto antes era, mas a super bonder interveio-se na pureza das formas e agora já não era mais o mesmo rosto intacto, perfeito para mim…
Diante de tal fato (a impossibilidade de voltar-se no tempo) só restava-me duas saídas de destino: Aceitá-lo com seus remendos latejantes ou jogá-lo no lixo. Então a decisão… coloquei o enfeite de volta ao canto do espelho, como sempre estivera, junto da afeição que mesmo estremecida não arredou pé por um só segundo.
O quanto às ranhuras do enfeite ficaram evidenciadas? Eu não sei! Quantos farelos eu não consegui colar? Eu, também, não sei. O quanto isso me afetou? O suficiente para várias indagações, desde a incerteza se voltará a cair até a explicação pela queda.
E o enfeite permanece lá, tal qual era… é só não me ater em analisá-lo.
Um rosto trabalhado em algum material tipo o gesso, talvez até mais delicado. De sorriso leve, coloridos fascinantes e uma bela fita vermelha servindo para fixá-lo em lugares. Para mim tornou-se de um valor imenso!
Então… neste final de semana, ele foi-se ao chão. Sem muita explicação, sem muito sentido. (o talvez eterno inevitável) A máscara caída, quebrada, partida em vários pedacinhos.
Sem explicação?! O sentimento de uma certa decepção, de uma certa dor! Um rosto paralisado diante do choque, sem reação diante da queda ao chão do objeto portador de tão sublime afeição e estima.
A cola super bonder entrou em ação (mas antigamente ela secava com maior rapidez) e remendou. Colei os pedaços com o máximo de cuidado, uma tentativa de ficar tão belo quanto antes era, mas a super bonder interveio-se na pureza das formas e agora já não era mais o mesmo rosto intacto, perfeito para mim…
Diante de tal fato (a impossibilidade de voltar-se no tempo) só restava-me duas saídas de destino: Aceitá-lo com seus remendos latejantes ou jogá-lo no lixo. Então a decisão… coloquei o enfeite de volta ao canto do espelho, como sempre estivera, junto da afeição que mesmo estremecida não arredou pé por um só segundo.
O quanto às ranhuras do enfeite ficaram evidenciadas? Eu não sei! Quantos farelos eu não consegui colar? Eu, também, não sei. O quanto isso me afetou? O suficiente para várias indagações, desde a incerteza se voltará a cair até a explicação pela queda.
E o enfeite permanece lá, tal qual era… é só não me ater em analisá-lo.
1 comentário
Uma vez, quando eu era menor ainda do que você, brincava com um espelhinho à beira de um poço da minha casa, eu morava numa fazenda meio selvagem. O poço estava seco e era bonito o reflexo de espelhinho correndo como uma lanterna pela parede escura, sabe como é, não? Mas de repente o espelho caiu e se espatifou lá no fundo. Fiquei desesperado, tinha vontade de me atirar lá dentro para ir buscar os cacos de meu espelho. Então alguém – acho que foi meu pai – levou-me pela mão e me consolou dizendo que não adiantava mais nada porque mesmo que eu juntasse, um por um, os cacos todos, nunca mais o espelho seria como antes. Sabe, Virgínia, vejo Laura como aquele espelho despedaçado: a gente pode ir lá no fundo e colar os cacos, mas tudo então que ele vier a refletir, o céu, as árvores, as pessoas, tudo, tudo estará como ele próprio, partido em mil pedaços. Veja bem, triste não é o que possa vir a acontecer… a morte, por exemplo. Triste é o que está acontecendo neste instante. Ela tem a cabeça doente, o coração doente… E não há remédio. Só o sopro lá dentro é que continua perfeito como o espelho antes de cair no chão. (Diálogo entre “Tio Daniel” e a jovem Virgínia sobre a provável morte de sua mãe Laura. – Ciranda de Pedra – Lygia Fagundes Telles – é a melhor!)