CEDO / TARDE

por Alexandra Deitos

Era tarde
Abri a porta
Entrei
Acolhida pelo cheiro da cera
A casa transformou-se em lar
Lá no fundo
Liguei o rádio
Volume baixo
Quase sem som
Deixei a água cair
No corpo adormecido de felicidade
Sem preocupação de vestes
Livre
De meia pelo ambiente
Completamente só
Vivenciei a paz
De encontrar-me na penumbra
E manter-me eu mesma
Um copo de vinho
E um incenso de flor de laranjeira
Antes do desfalecimento
Meditações!

Agora é cedo
Embora possa já ser tarde
E nada é segredo
Ainda há o cheiro da cera
E o lar… de coração, corpo e alma
Há o pó do incenso
O copo vazio
O esqueleto do rádio
A meia enrolada
O corpo adormecido de liberdade
Pensante
Descalça pelo ambiente
Completamente presente
A vivência da paz
De encontrar-me no clarão
E manter-me eu mesma
Das meditações
Falta a decisão
Eu quero ou não?

Alexandra Deitos, engenhando em demasia

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1 comentário

Visitante 28 maio 6, 2009 - 2:06 pm

Entre ser e não ser, há uma grande diferença. Dizia Hércules;
Ser ou não Ser, eis a questão, propôs Shakespeare.

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