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Nomear-se como uma pessoa sem preconceitos seria um escape diante da dificuldade que é assumir-se preconceituoso?
Assim como em tantas outras coisas, a gente se nomeia, a gente se pinta, a gente se cria um vislumbre bonito, tudo pela dificuldade que temos em assumirmos o cru, o defeituoso, o sincero, o simples, o que realmente somos. (dificuldade de se mostrar para os outros e principalmente para si mesmo)
Manias essas de nomear as coisas.
Se eu tenho um sentimento, um sentimento pulsante, contagiante, impactante… caloroso, por que a necessidade de nomeá-lo como carinho, amizade, paixão ou amor…? Não podemos apenas vivê-lo? Aceitar que pode não ser nada disso, que é apenas simples, cru, você na circunstância?
Reprimir ou libertar. Acreditar ou distorcer. Esconder-se de si mesmo é a pior tortura.
Alexandra Deitos