Família

por Alexandra Deitos
Os conselhos dela sempre chegam atrasados, tento fingir que ainda são válidos enquanto escuto calada – super proteção de filha (existe). Percebo agora que os conselhos que dou a ela também são inválidos, entram por um ouvido e saem pelo outro – coisa que ela sempre deve pensar na situação inversa (engraçado). 
A realidade que se impõe é que estamos distantes, muito além da geografia e muito além da compreensão – em todos os sentidos (distantes). Meu ritmo é um e o dela outro, os caminhos são desencontrados, os passos não se cruzam, somos tão parecidas e tão distintas. 
Podíamos tanta coisa e… não temos tato, não temos meios, não queremos, não sabemos – seguimos sem modificar a roda (estagnadas). Ainda é tempo (sempre é tempo) e mesmo assim continuamos tentando sem força, medindo palavras e ouvidos ao telefone, acumulando culpas e forçando ajudar ao nosso modo.
Somos duras, escondidas nas personas de mãe e filha, filha e mãe, e a dureza pode ser tudo que nos impulsiona, pode ser a grande necessidade para seguirmos, talvez, muito talvez, a dureza seja o que nos acrescenta e a distância o que nos move para perto – se perto talvez nada fossemos, sem dureza talvez nada tivéssemos (desconhecidas).
Então temos aquela profunda esperança, vago consolo, de que tudo é assim porque é, e que nessa total distância é onde nos conhecemos melhor, onde damos nossa parte mais verdadeira, nosso melhor amor (mãe e filha).

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2 comentários

Flor Baez agosto 18, 2010 - 9:58 pm

Alexandra, acho que toda família, ao menos a maioria, passa por problemas semelhantes.Nosso papel é tentar estar sempre disposta a diluir os conflitos, as diferenças e deixar que a harmonia fale mais alto.
Enfim…
Bjs

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Visitante 28 agosto 17, 2010 - 7:02 pm

"Eu bem que mostrei a ela: o tempo passou na janela e só Carolina não viu…"

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