Tadeusz Kantor não me larga essa semana….

por Alexandra Deitos

… sendo assim, um pouquinho da parte que mais toca!

Temos um tal de Gordon Craig considerando a arte do ator com inferioridade. Pois diferente de outras artes (música, artes plásticas), a matéria da interpretação teatral consiste na prórpia existência pessoal do artista, sujeita ao movimento das paixãos e, portanto nada preciso. Comparando o ator com uma supermarionete… Então chega Tadeusz Kantor e bebe dessa fonte!
Ele vem falar da catástrofe humana, da desumanização da figura humana! (não é lindo isso?) Expondo a vulnerabilidade da vida e da arte ele vem acabar com os heróis! (uau!)
E grita aos quatro ventos:
 
“… não é verdade que o homem moderno é um espírito que tenha vencido o MEDO… não é verdade… o MEDO existe: o medo diante do mundo exterior, o medo diante de nosso destino, diante da morte, diante do desconhecido, o medo diante do NADA, diante do vazio…
Não é verdade que o artista é um herói ou um conquistador audacioso e intrépido como o quer uma LEGENDA convencional… Acreditai em mim, é um HOMEM POBRE, sem armas e sem defesa, que escolheu seu LUGAR face a face com o MEDO.”
 
E assim trasforma o teatro levando-o para longe da linha contínua, e, se contradizendo ou não, traz os happenings, que ao meu ver são o misto da emoção e da técnica fundidos de tal forma que você nem quer mais pensar sobre essa história toda…
 
“Kantor dobra um lenço branco. Ele o faz com uma precisão absoluta de tempos e ritmos. Não se deve confundir isso com a determinação pontual sobre os fluxos, mas como o desdobrar de paisagens, uma após outras, que Kantor realiza ao dobrar o lençol. E o que ele demonstra, acima de tudo, é o extremo cuidado com o objeto, com o qual o ator coloca-se, cenicamente, em pé de igualdade.”
 
Assim Tadeusz Kantor iguala ator e objeto, vejam só!
E nós diz com as próprias palavras, pedindo para imaginarmos a entrada de “um homem nu que… carrega uma cadeira…”, o que de mais belo se pode conseguir um dia:


“…

Um puro objeto.

Alguém poderia dizer um OBJETO ABSTRATO.
e além

disso

era um POBRE objeto incapaz de realizar qualquer função na vida,
um objeto para ser

descartado.

Um objeto para ser das funções vitais que poderiam salvá-lo.
Um objeto que está

despido, sem função artística!
Um objeto que poderia evocar piedade e afecção.

Este era um

objeto completamente diferente dos outros objetos

…uma cadeira de cozinha.
Um objeto, que

estava completamente esquecido de suas funções vitais, emergiu pela primeira vez na história.

O objeto estava vazio.
Ele tinha que justificar sua existência mais para si mesmo do que para as
circunstâncias estranhas a ele. 
[E ao fazer isso, o objeto] revelou sua própria 
existência”.

as imagens presentes em ENSAIO AO ENGENHO, entre 2007 e 2014, são em partes de minha autoria e outras retiradas do google imagens durante o período citado. portanto, pode ocorrer que alguma imagem não esteja devidamente creditada. Assim, se você viu alguma imagem de sua autoria, ou sabe de quem seja, por favor, deixe um comentário ou entre em contato para que eu possa dar os devidos créditos ou então substituir a imagem, se assim for necessário.

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1 comentário

Marelize Obregon dezembro 6, 2012 - 8:31 pm

Kantor e os objetos…!

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