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Ser aquilo que somos, simplesmente ser. Identidade que lembra calma, conforto, tranquilidade, mas também turbulência, angústia e abandono. Encontrar a identidade pode ser ainda tão difícil quanto conhecer a si mesmo. Escolhemos o que queremos ser e tentamos então ser tudo aquilo e mais um pouco. E isso é identidade? Ou então não escolhemos e apenas vamos assimilando o mundo que nos fornece identidades? Nós transitamos em um lugar e esse lugar transita pela gente. Nós transitamos por pessoas e somos transitados por elas. Vivemos em trânsito, em movimento. A efemeridade passa aqui e passa ali, e mudamos, mudamos tanto a cada tempo que como poderíamos saber o que permanece? Pessoas, sentimentos, lugares. Ocupar o mundo, a cidade, a vida, modificar e ser modificado, e ainda assim apenas ser. A identidade é realmente algo dissociado? Os estudos? A política? A moda? Consumimos opiniões, consumimos amores, consumimos lugares, consumimo-nos. “O que está na moda senão a própria moda?” Se somos construídos por tudo aquilo que nos permeia, olhamos também com muito mais que os olhos e talvez enxerguemos além daquilo que sabemos nomear.