Trindade & Cachadaço

por Alexandra Deitos

A memória é um mundo à parte

Trindade, em Paraty, não é meu amor maior, mas tem lugares que já me tiraram o fôlego inumeras vezes. E lá estava eu, mais uma vez, para refazer caminhos antes já percorridos e buscar paisagens guardadas no tempo da memória.

Partindo de Paraty, de transporte público rumo a Trindade, em 40 minutos, com a van cheia mesmo fora de temporada, o mergulho na localidade já começa antes mesmo da primeira subida e a memória se certifica que tudo está como deveria estar.

Vista da Praia do Meio a partir da segunda trilha

As curvas exatamente nos mesmos lugares, a água invadindo a pista no mesmo ponto de sempre, o mar igualmente enérgico banhando a areia, a comunidade despertando lentamente a vida das ruas. Pé no chão, e tudo sob controle para traçar os caminhos que levam aos lugares.

Só que a gente esquece que o que já foi não é, e por mais que tudo muito se pareça em nossa memória, ela é um mundo à parte. Os lugares mudam, a gente muda, a memória também muda. O incontrolável é presença. E é assim que vamos a lugares completamente novos todos os dias se nos permitirmos olhar com mais atenção.

Nomes assinados em bambus ao longo de uma das trilhas

Cruzando o mesmo rio para pegar a trilha até a Praia do Meio, outras águas molham meus pés e vivem agora como memória também. A trilha para a Piscina do Cachadaço tem novas pegadas, mais bifurcações, declives e subidas antes diferentes. Por momentos, me pego pensando, e se lá chegar e nada for como era? É sempre possível.

O trajeto é sempre mais longo na dimensão da consciência, mas, logo a Piscina do Cachadaço se apresenta aos meus pés, olhos, e memória. Como estava? Única, no brilho daquele instante vivo, mas também refrescada na memória viva.

Registro da Piscina do Cachadaço

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