Alguém reparou como as pessoas não se conquistam mais? Como as pessoas não estão mais dispostas a lutar por uma relação? Não compartilham, não estabelecem quereres, não abusam de intensidades. A política do menor esforço e do “deixa a vida me levar” são as que reinam. A máxima agora é “eu sou assim e ponto, não vou mudar por nada nem por ninguém. Eu fico com quem estiver afim de mim, afinal o que não falta é gente disposta a curtir o momento.”
E eu tenho um absurdo medo dessa visão de vida… eu tenho medo. Não que eu ache que tenhamos que promover mudanças a todos os momentos, dependendo do que o outro quiser da gente, mas devemos mudar, sim, numa construção constante do que somos – não nascemos e nem estaremos prontos nunca, não somos isso e ponto final. Assim como também não acho que as coisas são eternas, vivemos sem dúvida alguma de momentos, porém isso não significa viver os momentos bons e no primeiro declive é só mudar o trajeto e tudo bem. Cadê a luta pelo transpor?
Acho de uma tamanha falta de amor próprio essa de relacionar-se com quem “estiver dando sopa”. Uma carência tão grande essa de ficar com alguém que está disponível para só depois talvez tentar conhecer – quando muito acontece de fato de haver o interesse em conhecer, porque o que acaba acontecendo é o falso interesse de conhecer para apenas ter alguém que vá suprir sua carência e alimentar o seu ego. É como se as relações perdessem a magnitude da partilha, da troca, da vivência e passassem a ser meros objetos para o comodismo.
Claro que, ainda consigo não apenas iludir-me, sei que nada pode ser total – descaso ou obsessão. Mas qual o problema de sermos intensos no que nos propomos? Isso tanto para relacionamentos ou objetivos de vida. Porque não viver além do simples existir?
É tão gratificante e bonito quando você se interessa por alguém e dedica-se a um conhecer e amar sem ter certeza nenhuma se você terá mesmo a oportunidade de se relacionar de fato – é tão gostoso essa dedicação sem espera de reciprocidade. É tão maravilhoso escolher o que quer para você e ter paciência de não desviar o caminho na primeira curva com uma possibilidade que não exija esforços. É ótimo amar e admirar alguém sem um pressuposto que o não da outra parte acabe com o seu sentimento.
Poxa… buscar! Buscar não é acertar. Não é ser perfeito, nem de forma nenhuma “deixa a vida me levar”. Buscar é se permitir escolher, ter objetivos. Se permitir errar. Esquecer completamente o que os outros esperam de você, e esquecer ainda mais completamente o que você espera dos outros. Simplesmente não medir intensidades em compartilhar uma caminhada.
Sem comodismos, sem pressupostos
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1 comentário
Doar-se!
É isso q muitas vezes falta…