Oco preenchimento

por Alexandra Deitos
Ombro com ombro. Rosto com rosto.
“Bom dia” “Bom dia”
Simples e sucinto assim, essa era a razão coordenando. Porém o perfume ficou no meu ombro, como um sentimento transformado em algo quase palpável. Já não bastavam as noites de sonhos, agora passei um dia inteiro com sua presença marcante me requisitando a todo instante.
Pensei em lavar o ombro, passar alguma outra fragrância, fumar um cigarro, cumprimentar outras pessoas, mas a razão é tão boba e ingênua nessas horas.
Eu quis correr e gritar para o mundo que um algo de você estava em mim. Eu quis te ter ali na minha pele e no meu olfato eternamente, mas a emoção também e muito boba e ingênua.
Durou muito tempo a sua fragrância em mim, quase impossível de se acreditar, enlouquecedora, tal qual canto de sereia. A tarde se esvaia nas minhas maiores desintegrações de realidade, e o perfume por fim se foi quando você sumiu sem o corriqueiro…
Ombro com ombro. Rosto com rosto.
“Tchau” “Tchau”

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3 comentários

Leco Vilela março 30, 2010 - 1:55 am

É disso que eu falo, quando levanto a bandeiro de uma abortagem sobre o tema em determinados contos da nossa pesquisa, isso pra mim resume o conto amor! sei que não tem os personagens, mas tem o núcleo, a célula comum!

parabens, lindo texto, é bem sonoro, bem músical.

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Paulo Sartoran março 29, 2010 - 3:09 pm

Olá! Essa é uma guerra eterna entre o Quero e o Não Quero. O Quero quer prazer e vida fácil, o Não Quero quer ordem a todo custo. Não é o cheiro no ombro que se quer prolongar, mas a tentativa do amor sob as nossas regras, o que nem sempre o outro quer. Como o outro se rebela e faz coisas que não queremos, entramos em conflito. Ou passamos o dia sentindo a fragrância ou lavamos a roupa e esfregamos a pele. Até o próximo cheiro.

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Fabiana Bueno março 29, 2010 - 1:04 pm

Lindo Xanda!

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